sexta-feira, 27 de maio de 2011

OSCIP planta 84 mil mudas na Cicuta em ação de reflorestamento garantida por TAC

Cidades


Publicada em 27 de maio de 2011 - 17 h 7 - Jornal Folha do Interior

OSCIP planta 84 mil mudas na Cicuta em ação de reflorestamento garantida por TAC 



Queiroz Galvão investe cerca de R$ 1 milhão na ação compensatória, que atinge 40 hectares da mata; plantio gera cerca de 42 empregos diretos; ONGS alertam: mercado imobiliário ameaça a vida de bugios e a jaguatiricas que vivem na floresta e estão ameaçado Corredor Verde deve equilibrar fauna e flora da Floresta da Cicuta.
A Floresta da Cicuta, que fica entre Barra Mansa e Volta Redonda, abriga a ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico), último território remanescente de Mata Atlântica no Sul Fluminense.
Há 6 anos, o Instituto Educa Mata Atlântica vinha tentando viabilizar o Projeto Volta Cicuta, que consiste na implantação do Corredor de Biodiversidade entre a Floresta da Cicuta e a Serra do Mar. Com o apoio do Conselho Consultivo da ARIE Floresta da Cicuta, o projeto cresceu e conseguiu importantes adesões. O mapeamento das áreas foi efetuado pelo Instituto Educa Mata Atlântica e a Prefeitura Municipal de Volta Redonda. Membros do Conselho da Cicuta acompanharam todo o processo de mapeamento, incluindo a demarcação da Bacia do Rio Brandão. Foi baseado no trabalho voluntário deste grupo que a Coordenação Regional do ICMBio acatou e  indicou as áreas prioritárias para reflorestamento ao Ministério Público Federal e ao INEA – Instituto Estadual do Ambiente.
Extremamente ameaçada pela expansão imobiliária e comprometida pelo efeito de borda, o isolamento da Floresta da Cicuta dos outros fragmentos de mata nativa é o fator que mais preocupa os ambientalistas porque pode levar pequenas populações à extinção. Com a fixação de corredores, a expectativa é de que aumentem o fluxo gênico entre populações, fator fundamental para sobrevivência das comunidades animais em ambientes fragmentados. Para se atingir o percentual mínimo de cobertura florestal exigido por lei, deve ser reflorestada uma área de pelo menos 10.600 hectares.
Rita de Cássia alerta para proteção de espécies em extinção
Segundo a presidente do Educa Mata Atlântica, Rita de Cássia, o plantio possibilitou o reflorestamento de áreas degradadas no entorno do lixão de Volta Redonda, o que ajuda na recuperação funcional dos fragmentos. “Esse é um exemplo a ser seguido. O projeto envolveu a iniciativa pública, privada e o terceiro setor. Todos os prazos foram cumpridos e hoje podemos dizer que, mesmo com toda degradação e descompromisso dos governantes com a questão ambiental, a Cicuta está mais viva do que nunca”.
Rita também destaca a importância da floresta como abrigo para animais em extinção. “Aqui encontramos árvores imponentes da Mata Atlântica, como o jequitibá, o pau-ferro, o chichá e a figueira branca, muitas delas tendo de 35 a 40 metros de altura. Em termos de fauna, aparecem aves como o juriti, a rolinha, o joão-de-barro e o tiê- sangue. Dentre os mamíferos destacam-se a paca, a cutia, o caxinguelê, a capivara, o bugio e a jaguatirica, sendo os dois últimos espécies ameaçadas de extinção.
MP e Educa Mata Atlântica comemoram reflorestamento
De acordo com o procurador da República, Rodrigo da Costa Lines, do Ministério Público Federal de Volta Redonda, o TAC atribuído a Queiroz Galvão foi uma penalidade por conta da supressão de nascentes e outros problemas ambientais encontrados nas obras do Contorno. “Assinamos o documento do TAC em outubro de 2009 e hoje estamos corrigindo, ou pelo menos compensando, esse problema causado pela empresa. A construtora, no primeiro momento, se mostrou contrária ao acordo com o MP, mas a partir de conversas, esclarecimentos e a participação das ONGS, definimos que esse plantio seria uma ótima forma de compensar o desequilíbrio ambiental causado por aquela obra. Muitas vezes a empresa penalizada propõe a doação de computadores, veículos e outros itens. Nós optamos por esse reflorestamento, pois sabemos da importância da Floresta da Cicuta para nossa região”, destaca o procurador, lembrando que o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) também deve reflorestar 65 hectares, por conta de questões ambientais verificadas na mesma obra.
A Oscip Associação Ecológica Piratingaúna, em parceria com o Instituto Educa Mata Atlântica, entregou na quinta-feira, dia 26, o reflorestamento de 40 hectares de áreas degradadas na ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico) da Floresta da Cicuta. O plantio das 105 espécies nativas da Mata Atlântica, que começou em outubro de 2010, é considerado por ambientalistas o maior do tipo já feito no Sul Fluminense e faz parte de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) estabelecido entre o Ministério Público Federal de Volta Redonda e a Construtora Queiroz Galvão S.A, referente às obras realizadas pela empresa na Avenida do Contorno. O cinturão de proteção equivale a 30% do tamanho original da floresta, que de 130 hectares passou para 170. A construtora investiu cerca de R$ 1 milhão no reflorestamento e, como parte do TAC, deverá realizar a manutenção dos hectares florestados por um período mínimo e consecutivo de 4 anos. As terras utilizadas no reflorestamento foram doadas por dois agricultores da região.
Para o ambientalista e presidente da Oscip, Eduardo Werneck, o plantio é de fundamental importância no processo de preservação da Cicuta, única floresta da região preservada em área urbana. “A Queiroz Galvão fez a licitação para o plantio em agosto de 2010 e resolvemos participar. Temos uma parceria forte com a Educa Mata Atlântica desde 2006, plantamos aproximadamente 120 mil mudas por ano. Nós desenvolvemos o projeto, cultivamos as mudas e fazemos a manutenção dos canteiros, combatendo formigas e recuperando mudas. São cerca de 105 espécies nativas da Mata Atlântica, totalizando 84 mil mudas. Além de todo benefício ambiental, também estamos gerando renda, já que 42 famílias trabalham conosco na produção de mudas”, explica Eduardo, lembrando que 85% da Floresta da Cicuta se localiza em Barra Mansa.

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