terça-feira, 26 de abril de 2011

Pesquisadoras dizem que borra de café mata larva do Aedes aegypti

Algumas colheres de borra de café bem forte. Esta é a receita de duas pesquisadoras da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) para matar as larvas do mosquito Aedes Aegypti - mosquito transmissor da dengue.
Desenvolvido há três anos pela aluna do curso de Pós-Graduação em Genética da Unesp Alessandra Laranja, sob orientação da pesquisadora Hermione Bicudo, o estudo indica que a larva do Aedes aegypti morre 24 horas depois de ingerir a borra de café.
Após os experimentos em laboratório, as pesquisadoras realizaram testes em jardim. "Os experimentos confirmaram os resultados quanto à interrupção do desenvolvimento do Aedes na fase de larva". "Provavelmente, a larva morre intoxicada com a cafeína", disse Hermione Bicudo, que há 15 anos desenvolve estudos com a substância.
A pesquisadora disse que ainda não há confirmação da eficácia da borra de café no combate ao mosquito adulto, mas, se a borra matar a larva, não haverá novos mosquitos adultos - fase em que ele pica as pessoas transmitindo os vírus.
Receita
Hermione recomenda o uso da borra nos criadouros domésticos de Aedes, como pratos dos vasos, telhas e poças d´água a céu aberto. "Trata-se de um produto barato e disponível em qualquer casa. Não é o pó de café e sim a borra que sobra do preparo da bebida". A borra pode ser espalhada sobre a terra do vaso, porque, mesmo uma fina película de água que se forme sobre essa terra serve de criadouro do mosquito. Segundo a pesquisadora, a quantidade de borra a ser utilizada depende da capacidade do recipiente de armazenar água. "O uso da borra deve ser feito na dose recomendada, porque nenhum remédio faz efeito abaixo da dosagem certa. Não queremos servir cafezinho para o Aedes, queremos intoxicá-lo", explica a pesquisadora. Nas bromélias que armazenam o equivalente a um copo de água, por exemplo, Hermione recomenda que se coloque quatro colheres de sopa de borra diretamente no recipiente natural formado pela planta. Segundo a pesquisadora, a borra de café não faz mal às plantas. Ela sugere que se coloque borra nova uma vez por semana. Apesar de garantir a eficácia da cafeína no combate à larva do mosquito, acredita que a melhor forma de combate à dengue é a eliminação, sempre que possível, dos criadouros (recipientes que armazenam água parada) do agente transmissor. "Se os pratos das plantas são dispensáveis, não há motivo para mantê-los como fator de risco em casa".
Outras formas de combate
Os órgãos oficiais de vigilância sanitária e de saúde recomendam também o uso de sal de cozinha e de água sanitária para combater a larva do Aedes Aegypti. O sal, assim como a borra de café, pode ser utilizado nas canaletas, telhas e em qualquer outro recipiente que armazene água da chuva. A água sanitária deve também ser utilizada para lavar os vasos de planta. No Rio de Janeiro, onde a doença já é considerada epidêmica, a maneira de combate ao mosquito mais utilizada tem sido a pulverização do inseticida DDT. "Todas essas medidas, porém, são pouco eficazes se comparadas às campanhas educativas constantes, feitas por equipes especializadas que, em contato direto com a população, orientam sobre as formas de evitar a propagação do mosquito transmissor", diz Hermione.

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