Cacique
Geral dos Munduruku visita Barra Mansa para conhecer de perto Centro
de Educação Ambiental e Viveiro de Mudas da Oscip, no KM-4
A
Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público)
Associação Ecológica Piratingaúna assinou na semana passada,
termo de parceria para operar a construção do maior Centro Estadual
de Referência do Indígena do País, coordenado pelo Cacique Geral
da Nação dos Índios Munduruku, Natanael Parente. O projeto,
localizado na região Sul do Amazonas, às margens do Rio Madeira em
Manicoré, beneficiará milhares de índios das sete aldeias da Nação
Munduruku.
Para
o cacique Natanael, um dos grandes facilitadores para a execução do
projeto, o fato de a área onde será construído o Centro de
Referência Indígena pertencer aos próprios índios, diferente do
restante das terras indígenas do Brasil, que estão nas mãos da
Funai (Fundação Nacional do Índio) é fundamental para a criação
do centro. “São 10 hectares de terras que ficam a sete quilômetros
da cidade. Será um projeto de desenvolvimento ambiental sustentável,
cultural e de crescimento das nações indígenas. No nosso entorno
estão mais de 45 aldeias de várias etnias”, explica.
Segundo
Célio Judson de Souza, que fará a assessoria em nome da Oscip, o
projeto está orçado na ordem de 70 milhões de reais e inclui a
construção de 20 ocas e unidades habitacionais em conformidade com
os costumes indígenas, arena para disputa de jogos indígenas, Hotel
de Transito para atendimento aos povos indígenas de outros estados
brasileiros com capacidade inicial de 120 leitos, Centro Nacional de
Exposição de Artesanato, área de alimentação com restaurante e
fast food para atendimento ao visitante. “Teremos o apoio do Senai
e do Senac que vão qualificar a mão de obra indígena. O projeto
ainda terá posto de saúde, sala digital, internet, auditório para
600 pessoas”, comentou.
O
projeto ainda prevê a construção de uma usina eólica e uma usina
foto voltaica, biodigestor para a geração de energia limpa para o
abastecimento do complexo. Serão construídos também viveiros para
a produção de espécies nativas da região para reflorestamentos.
De
acordo com presidente da Oscip, Eduardo Wernech, o termo de parceria
já foi assinado e agora depende apenas dos trâmites legais junto
aos Órgãos Governamentais, como Ministério do
Planejamento/Ministério da Justiça/Ministério do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos/Governo do Amazonas
Além
do Centro Indígena de Manicoré – AM, está prevista a captação
de recursos também para a construção de outros dois, em Jaraguá -
São Paulo e Angra dos Reis/Paraty, no Rio de Janeiro.
Cacique visita CEA Júlio
Branco, em Barra Mansa
Durante
a visita que fez a Barra Mansa para assinatura do contrato, o cacique
Natanael Parente conheceu a estrutura da sede da Oscip, no bairro
KM-4, em Barra Mansa, no Rio de Janeiro. Ele viu de perto o Centro de
Estudos Ambientais - CEA Júlio Branco, a produção de mudas dos 5
viveiros de Mata Atlântica e a área de 30 hectares, onde alunos do
Curso de Biologia do Centro Universitário de Barra Mansa realizam
pesquisas de fauna e flora, numa parceria entre a Universidade e a
Oscip.
Para
a bióloga Valéria de Almeida, responsável técnica e fitoterápica
do CEA Júlio Branco, a parceria firmada entre a entidade e os índios
terá um grande valor histórico-cultural-social-ambiental. “Receber
o cacique nos nossos viveiros tem um valor muito importante para os
alunos, para Barra Mansa e para a Oscip. Hoje, temos mais de 70 mil
mudas em formação e já efetuamos o plantio de mais de 500 mil em
três anos”, explica.
Na
opinião do engenheiro agrônomo José Fausto Ferreira Júnior, que
faz parte do corpo técnico da Oscip, a região do Rio Madeira, onde
será implantado do Centro Estadual de Referência Indígena de
Manicoré, no Amazonas, representa uma nova linha de atuação dos
trabalhos da Piratingaúna.
Os
Mundurukus - Grupo indígena que habita o sudoeste do estado
brasileiro do Pará, mais precisamente as áreas indígenas Cayabi,
Mundurucu, Mundurucu II, Praia do Índio, Praia do Mangue, Sai-Cinza.
Tamém estão no leste do estado do Amazonas, nas terras indígenas
Coatá-Laranjal e São José do Cipó e no oeste do Mato Grosso, na
Reserva Indígena Apiaká-Kayabi. Também são chamados de Weidyenye,
Paiquize, Pari e Caras-Pretas. Têm uma população de 11. 630 ou
mais indivíduos, distribuídos em cerca de trinta aldeias. Falam a
língua mundurucu, a qual pertence ao grupo linguístico macro-tupi.
Fonte:
Publicado no Jornal Folha do Interior em 09/06/2012